quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Mundo No Avesso

Viajando nas minhas lembranças e vasculhando meus antigos discos (acredite ainda tenho discos de vinil, e o melhor, uma vitrola) encontrei coisas que me fizeram lembrar de uma época muito boa que vivi. Olhando para o passado vejo que já prevíamos que o fim estava próximo, talvez não imaginássemos que aconteceria tão cedo. Preservo muito o meu passado, mas não apenas na memória, sou um verdadeiro saudosista, tenho saudades de um tempo que logo mais há de voltar, ainda sonho com isso.

Estava limpando a poeira dos discos quando descobri uma verdadeira relíquia, um “bolachão” da dupla Tião Carreiro e Pardinho. Uma das minhas preferidas. Vivenciei boa parte de sua existência e de suas maravilhosas letras. Mas uma delas me chamou a atenção, não pela beleza, mas pelas verdades contidas nela. Uma alusão à sociedade perdida em que vivemos, a esse mundo moderno e homocomunista que a cada dia me afronta e insiste em bater à minha porta. Que claro, estará sempre fechada para estas manifestações iníquas.

Espero que compreendam o real sentido da canção, criada há mais de 30 anos. Naquele tempo o mundo já se perdia, mas não tanto quanto hoje. A cultura deles outrora era reprimida, agora passa a ser aceita. Já foi doença, desvio de conduta e mau-caratismo. Para mim continua sendo uma vergonha, mas para muitos é só uma opção.

Eis a letra de O Mundo No Avesso

O mundo já está no avesso, no avesso eu dou embalo
Carneiro comendo leão e o pinto matando galo
Cavaleiro vai por baixo, por cima vai o cavalo
É sapo engolindo cobra e o côco quebrando ralo
É mulher virando homem, homem virando mulher
Do jeito que o diabo gosta, tá do jeito que o diabo quer

O mar não esta pra peixe, a vida tá um caso serio
Eu já estou vendo defunto indo a pé pro cemitério
O touro mata o toureiro, soldado prende o sargento
Banana come o macaco e a cobra morde São Bento
É mulher virando homem, homem virando mulher
Do jeito que o diabo gosta tá do jeito que o diabo quer

Já tem criança nascendo cobre enfermeira no tapa
Onde e que nos estamos tentaram matar o Papa
A cruz foge do diabo, cachorro foge do gato
Tem queijo treinado boxe pra quebrar a cara do rato
É mulher virando homem, homem virando mulher
Do jeito que o diabo gosta tá do jeito que o diabo quer

Qualquer dia a lua esquenta, qualquer dia o sol esfria
O sol vai andar de noite, caminha a lua de dia
O inquilino não paga e na casa continua
Empregado já tem força pra jogar patrão na rua
É mulher virando homem, homem virando mulher
Do jeito que o diabo gosta tá do jeito que o diabo quer

por Humberto de Alencar Castelo Branco

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